segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Imprevisibilidade



Há noites em que a mente toma conta de mim, o meu corpo prende-se aos pensamentos, envoltos em fumo e nevoeiro. Penso em apagar o meu passado, recomeçar como uma tábua rasa e esquecer os compromissos, encontrar um farol que me permita tomar um rumo. Entrego-me ao universo e tatuo nesses mesmos pensamentos um sinal de eternidade. Comprometo-me à solidão que geralmente é a minha melhor companhia, comprometo-me a manter-me fiel a tudo o que me faz feliz. 
O meu corpo treme, mas vai escrevendo, escrevendo tudo o que ainda não foi dito sobre mim. Não há muito para dizer, mas sinto que ainda tenho muito para descobrir. Por vezes sinto que não me conheço.

Mas quem sou eu? Não sei, e não sei porque abandonei a busca ainda antes de me lembrar que me procurei. 
Um emaranhado de definições surge. Definições demasiado pessoais para as poder publicar. A minha mente atraiçoa-me como se o meu próprio corpo se assustasse com os meus defeitos.
Sinto-me só, completamente só. E sinto-me bem. É o momento de me tentar descobrir, sem entraves. Vou deixar a curiosidade solta, questionar o que quero e possivelmente descobrir o que não quero. 

Neste momento a única certeza é que a imprevisibilidade me assusta. Nunca soube porquê. Talvez este medo diga mais sobre mim do que tudo o que penso, erroneamente, conhecer. 
Depois desta noite, levo em mim dúvidas, ainda mais dúvidas. O frio do meu coração esquece aquilo que já foi dito. O frio da minha mente esquece aquilo o que já foi sentido. Deveria ser ao contrário, sim, mas neste momento se nem eu me conheço, porquê pensar da mesma forma? E sentir da forma que até hoje senti?