domingo, 28 de novembro de 2010

Medo? Será medo?

Tenho medo. Medo? Tenho medo,não é medo apenas, tenho muito dentro de mim, muito que parece valer pouco.
Aprendi a orientar-me sem a mão que prometera outrora acompanhar-me para sempre. Aprendi a caminhar, como se fosse uma frágil e inacabada criança que larga o dedo da mãe que feliz mas receosa deixa a pessoa mais importante da sua vida dar o passo maior do que a sua pequena perna. Aprendi com a tua ausência, agora indiferente a sobreviver neste ambiente de feras, neste mundo canibal.

Mudou. Felizmente mudou. Foram cinco minutos, talvez 10, mas aconteceram. Foram segundos que correram, poucos olhares que se trocaram, mas foram, basta terem acontecido para fazerem parte da história. Estou receoso. Serei suficientemente forte para aguentar a triste dependência que outrora me arrastou lentamente para o meu lado mais obscuro e melancólico? Tenho medo, medo, sim, é apenas medo, agora. Medo de sentir na alma a triste angústia diária. Medo de lavar os meus olhos em água e sentir um peso no duro coração que me enfiaram no peito sem estar concluído.

Não sei, simplesmente não sei se aguentarei. Mas tentarei? Acredito que sim. Quero conhecer os medos, não só os meus, os nossos, partilhar suspiros, olhares e carícias. Tentarei viver, promessa feita à muito quando comecei este projecto, um projecto de vida que ultrapassa um ecrã e um teclado, uma página na Internet que me lembra, cada vez que a visito que SÓ QUERO VIVER.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Melancolia de Inverno, I

Mais uma noite devorada em frente a esta máquina que me tira o sono. Será só esta máquina que me tira o sono? A dor no coração parece provocar este mesmo efeito, mas não será suficiente, a dor, para me impedir de dormir.


Quando me sinto só e sou atormentado por uma notável vontade de escrever um texto agravo a ideia de que preciso de alguém. Não estou carente certamente, mas preciso de alguém. Alguém me compreenda verdadeiramente e me ensine o que é ser feliz novamente. Aquela coisa, a que alguns chamam de tristeza é mais profunda no inverno. Estes dias cinzentos que pesam na alma não são suficientemente extensos para descobrir o amor, ou uma amizade especial que me arranque desta cadeira, velha e triste.


Pergunto-me do que é feito dos meus amigos? Eles estão cá, a meu lado mas não é suficiente. Esta melancolia que me aperta a alma é exigente. Pede mais e mais, enquanto tenho vontade de menos. A triste melancolia que nunca fui quebrada até à primavera, estação onde florescem novos amores e amizades transforma-se numa rotina. Na triste rotina de inverno que culmina no Natal, e me faz querer voltar à infância, onde não sabia o que era amar, mas também não sabia o que era sofrer. Fernando Pessoa, desejava ser inconsciente e ter a consciência disso. Eu desejo ser consciente, amando, mas inconsciente nos problemas que desencaixam o meu coração. O coração não é só símbolo do amor, é símbolo de vida. Será que sobreviverei a mais um triste, longo e melancólico inverno?