domingo, 11 de agosto de 2013

Apus, a ave-do-paraíso.

O órgão pesado que carrego ao peito sofre com os amanheceres solitários e, a cada dia que passa, descobre que o amor se escondeu, na linha do horizonte há estações atrás. A luz incandescente cegou o corpo, atordoou a alma e fez esquecer a sensação de sentir, profundamente, um toque, um respirar, um palpitar, forte, fraco, desaparecido. 
No que tem sido uma procura por mim mesmo, desde que me lembro de ter acordado emocionalmente, conciliei estágios distintos que nunca pensei provar. 

O estágio do amor foi parcialmente iniciado, parcialmente descoberto, completamente e parcialmente sentido, vivido, desvanecido, esquecido. O pedaço complexo que carrego ao peito sofre com os dias frios, é Dezembro. Cá fora é quente. O corpo é sempre quente. O desejo é quente. Tudo o resto é tépido. 

As madrugadas são frias, menos frias, mornas quando o amor se deita ao meu lado. Há tanto, numa medida incalculável para descobrir acerca deste sentimento traiçoeiro. Há demasiado para descobrir.
Tenho medo. A descoberta implica sofrimento. A descoberta exige amar. Amar é a única forma, é a única forma de descobrir algo que nunca será descoberto. 

A cada madruga acrescento um suspiro a uma caixa imaginária, suspiro esse que seria projectado na personificação do amor que madrugasse ao meu lado. Chamo-lhe Apus, como uma ave do paraíso que vive nas estrelas. 
Quando me sentir desvanecer permitirei que voe, apontando uma direcção, do passado ou do futuro e aceitarei esse ponto cardinal como a base da felicidade.