segunda-feira, 2 de agosto de 2010

por entre os lençóis do teu corpo

Remexo os lençóis à procura de algo que me faça viajar e reviver todas as emoções que na tua companhia satisfizeram todos os tecidos do meu corpo.
Um calor, acompanhado por uma apetecível repugnância arrastam-me para longe do meu habitat natural. Respirar torna-se insuportável.

Expiro imediatamente todo o ar que alimentava estes pulmões cansados. O meu coração não bate mais da mesma forma.
Sou novamente absorvido pela escuridão, escuridão essa por onde percorri, voluntariamente um corpo descaído e morto. Arrasto as minhas mãos pelos simples mas deliciosos lençóis que me fazem saborear novamente a tua límpida e pura pele.
Sinto um incrível desejo de cometer todos os pecados capitais com um só gesto, um perverso pensamento. Sinto a necessidade de satisfazer este corpo morto, sem rumo, de uma forma louca e animal de que me envergonho.

O sabor da carne satisfaz-me parte do desejo. Este desejo acaba de encontrar um outro corpo estendido de uma forma estranha e irregular naquele sítio que já não é o mesmo.

O desejo carnal é satisfeito com um ainda maior. É impossível perdoar todos estes pensamentos. Infelizmente a gula supera todas as tentativas de perdão.

1 comentários:

Afonso Arribança disse...

O desejo carnal não é um defeito, é uma qualidade. Fizeste-me lembrar deste texto demasiado sórdido que escrevi há mais de um ano atrás...

http://afonso-ca.blogspot.com/2009/05/sonho.html

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